PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

NO KINGS - PARTE III

“popularidade de Trump em queda”


A doutrina de Trump, que aparece no seu discurso na 80 ª Assembleia Geral da ONU, revela esta mistura do unilateralismo isolacionista da Doutrina Monroe, geradora da excepcionalidade do chamado Destino Manifesto, com o Big Stick de Theodore Roosevelt, desmontando o multilateralismo que teve como um dos seus artífices o presidente Harry S. Truman, e sem qualquer interesse na nation-building de George W. Bush.

Em relação aos interesses geopolíticos de expansão liberal, na verdade, Trump representa um governo que demonstra uma indiferença perante intervenções políticas, em geral, não se ligando no destino de outras nações, desde que isso não afete interesses internos do país, se alimentando mais de bravatas militares, que até agora soam delirantes, como a invasão do Canadá, da Groenlândia etc, e só flertando com uma ação militar, de fato, sobre o regime de Maduro, na Venezuela. 

As manifestações “No Kings”, em 18 de outubro, envolveram pautas como reivindicações contra deportações em massa de imigrantes sem documentos, a crise econômica e, finalmente, o arbítrio cometido nas violações em processos legais, censura a oposicionistas e o desrespeito à Constituição norte-americana. Contudo, perante tais manifestações, republicanos e a imprensa que apoiam o governo acusaram estas de terem sido convocadas por gente que odeia a América, esquerdistas aliados a inimigos da nação. 

As manifestações acompanham o crescimento da resistência contra o governo Trump e seu declínio de popularidade nos Estados Unidos. O fato do No Kings ter sido festivo derrubou a previsão de conflitos feita pelo governo, sendo manifestações com pessoas fantasiadas, se divertindo, com discursos, e que teve a tradicional canção “This Land is Your Land”, do cantor folk Woody Guthrie, dos anos 1940, em que se entoou “Sem reis, sem coroas” e “É assim que a democracia se parece”. 

A mídia que apoia o governo associou o No Kings como movimento de hippies velhos, de radicais antipatrióticos vindos dos anos 1960, junto a pessoas pagas. Logo se tratou de uma tese furada, pois a mobilização se fortaleceu e se expandiu. Em meio às manifestações e a divisão do país, junto às expectativas diante das eleições do Congresso em novembro de 2026, Trump tentou desviar a atenção da opinião pública com a polêmica demolição parcial da Casa Branca.

Tal obra na sede do Poder Executivo norte-americano, em Washington D.C., seria para a construção de um salão de dança, com doações privadas que, além de ser uma cortina de fumaça, neste momento, revela meandros da compra de favores de grandes corporações, pela administração governamental, que muitos consideram a mais corrupta da História dos Estados Unidos, com a popularidade de Trump em queda e favorecendo os democratas para 2026. 

Decisões como o apoio financeiro do governo para o resgate da economia argentina e ajuda a Javier Milei nas eleições legislativas ocorridas na Argentina agora em outubro, levaram eleitores tradicionais de Trump a questionar as recentes políticas do governo perante o shutdown da máquina pública norte-americana, com consequências como o fato de servidores federais não estarem recebendo os seus salários.

Os problemas da política econômica, junto à perseguição de latinos, com detenções massivas e arbitrárias, afasta eleitores de Trump. Tal tendência só mudaria com uma virada da economia, além do recuo do presidente em relação a suas políticas impopulares. A perda do controle da Câmara dos Representantes, com a vitória democrata, se ocorrer, não derrubará Trump do poder, mas poderá refrear os seus ataques à democracia dos Estados Unidos.

Neste momento, o governo Trump já enfrenta a derrota para os democratas para governos de Estados importantes do país como Califórnia, Nova York, Virgínia, Nova Jersey, além de, na Pensilvânia, os juízes democratas da Suprema Corte estadual terem vencido as votações de retenção, e tendo como consequência uma maioria democrata num dos chamados “swing states”, ou seja, em que as eleições presidenciais são mais disputadas e equilibradas, e onde as regras eleitorais são frequentemente contestadas.

Na Virgínia, a ex-deputada moderada Abigail Spanberger obteve uma vitória histórica,  com uma vantagem percentual sobre a ex-vice-presidente Kamala Harris na eleição presidencial de 2024 e sobre o candidato derrotado do partido ao governo do estado em 2021, Terry McAuliffe. Em Nova Jersey, outra deputada moderada, Mikie Sherrill, superou a coalizão de Trump e seu rival republicano, o ex-legislador estadual Jack Ciattarelli, este que tinha um bom desempenho em todo o estado, após ter ficado perto de se eleger governador em 2021. 

Ciattarelli tinha um apelo de "cara de Nova Jersey", com isso esperando se destacar da imagem de Trump, mesmo com o apoio do presidente. E este resultado se tornou um dos melhores indicadores do sentimento anti-Trump no país. E com o candidato republicano sem conseguir replicar o desempenho com os latinos que ocorreu nas eleições de Trump do ano passado em Nova Jersey. 

Em Nova York, a vitória do socialista democrático Zohran Mamdani marcou mais uma derrota do ex-governador Andrew Cuomo neste ano, que já tinha sido derrotado nas primárias democratas, e depois perdeu para deputado independente, apoiado por Trump. Ainda haverá uma série de primárias competitivas na eleição de meio de mandato, e depois as primárias presidenciais de 2028, para definir se este cenário de queda de Trump se aprofundará ou se reverterá.

Trump se vê num cenário em que a luta política dentro dos Estados Unidos poderá corroer seu governo por dentro, até mais do que os problemas levantados pelo tarifaço, pois, quando a própria população ou nação se volta contra um presidente, a sua sustentação se torna sensível, vulnerável. Nada chega perto de uma crise de popularidade dentro dos Estados Unidos para Trump.

A crise interna é a mais perigosa para o poder de barganha de Trump, muito mais que esta sua diplomacia disparatada, numa escalada da guerra comercial mundial, com a implosão dos valores do multilateralismo, e com a China prevalecendo em uma nova hegemonia mundial. O que derrotará Trump será, no final de tudo, a população norte-americana insatisfeita, desde opositores naturais, como os efeitos da debandada de antigos apoiadores. 

(continua)


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/colunas/no-kings-parte-iii/



quinta-feira, 6 de novembro de 2025

NO KINGS - PARTE II

“oposição contra o avanço autocrático do trumpismo”


O balão de ensaio autocrático do trumpismo recebe críticas da parte norte-americana que defende valores democráticos e culturais, de um governo que se confronta com o Congresso e o Judiciário, e tenta manietar a oposição política, através de manobras,e a concentração de poder no Executivo, ocupado por Donald Trump. 

Esta massa crítica dos Estados Unidos, que existe, está em cidades grandes, e consideram estas hostes como Wasp, red necks, e jerks de máfia dos tigres, entre criadores que morrem decapitados por orangotangos de estimação, como num conto de Poe e quetais, como as figuras mal acabadas de um estereótipo de norte-americano alienado e medíocre, pessoas completamente idiotas. Habitantes de Chicago e Nova York, por exemplo, riem deles.

Estas críticas à concentração de poder trumpista, que se trata de um viés sistemático para abrir caminho para uma autocracia não proclamada, hipócrita, à moda do mais manjado pragmatismo norte-americano, reúnem a intelectualidade de Harvard, podada pelos arbítrios do trumpismo, e todo o pensamento crítico e que se preza, e que entende o anti-americanismo como algo causado por esta história atávica de uma nação que tem a fantasia da excepcionalidade, e que se funda nesta insciência jerk do “american idiot”.

Justamente, este delírio hegemônico, acaba sendo o crivo do senso médio, comum, na sua versão de pauperismo acadêmico, intelectual, de pouca sutileza reflexiva, e que padece da falta de práticas sociais esclarecidas e de ações com relevância cultural, e que acaba sendo a imagem que prevalece no mundo, pois, naturalmente, quem já viu os rompantes do Uncle Sam, com seu Big Stick, a impressão é acerba toda vida.

Os protestos, então, resultam como uma reação a este trumpismo que traz em seu bojo, redivivo, este cacoete histórico do Destino Manifesto, em que o eleitor extremista se vira à Star Spangled Banner, e tem na bandeira o seu fetiche maior, diante de uma iminente hegemonia chinesa, de uma eficiência diplomática fundada na política comercial, construindo pontes, com e sem trocadilho, enquanto Uncle Sam continua com seus tiques de “Líder da Sala” e “Janjão do Ginásio”, cuja imagem icônica é o próprio Donald Trump, um bully convicto. 

Os republicanos mais conservadores e os reacionários delirantes reagem e classificam a suposta balbúrdia contra Trump de uma massa de antifas, marxistas, grupos de pessoas anticapitalistas, enquanto o governo, e os aliados republicanos no Congresso, culpam os democratas pelo shutdown que paralisou a máquina pública norte-americana. 

Tal efeito, contudo, seria uma defesa do corpo político de oposição contra o avanço autocrático do trumpismo, tentando preservar a separação dos poderes e do próprio regime democrático. Pois, a democracia norte-americana é a mais longeva da História Mundial, de mais de dois séculos, de uma Constituição perene e enxuta, de fácil compreensão e aplicação, apesar de excrescências dos tempos da defesa paramilitar dos condados, que é o tal voto de delegados e superdelegados, um esqueleto tão anacrônico quanto os cartões de voto, um lapso que faz o voto popular ser um ensaio inútil e patético.

Os protestos do No KIngs têm o apoio de figuras como Bernie Sanders, senador independente, e do líder democrata no Senado, Chuck Schumer. Sanders, por exemplo, afirmou o seguinte : “É um ato de amor à América, milhões de pessoas vão às ruas para defender a Constituição e a liberdade americana, e para dizer a Trump que este país não será transformado em uma autocracia.”

A virada democrata também representa uma postura despertada, animada, depois de uma ressaca diante do fortalecimento de Trump, que dava soquinhos no ar, diante de uma plateia idiotizada e hipnotizada, com catalisadores como o atentado falhado contra o então candidato à presidente norte-americano, no fatídico comício do tiro na orelha, depois do afastamento de Joe Biden e de Kamala Harris despencar com tiques woke dos fetichistas do bem, cujos números de circo ridículos em nada e nunca contribuíram para as políticas públicas concretas para minorias. 

A virada democrata começou nos protestos de abril contra o presidente Trump e o empresário Elon Musk, e culminaram nesta apoteose do No Kings, que é, propriamente, o primeiro momento em que o trumpismo, em seu novo governo, sente estremecer as bases de sua plataforma política, tanto interna como globalmente, e isto coloca Trump numa nova posição de estar sob ataque dentro do próprio Estados Unidos.

Enquanto isso, Trump faz uma mistura esquizofrênica, à moda da tática da alt-right de Steve Bannon, que criava estas confusões adrede, em que, ao mesmo tempo em que o presidente norte-americano se arroga o papel de uma espécie anódina de arauto da paz mundial, candidato ao Nobel, dá porretadas no mar, perto da Venezuela, com bombardeios de embarcações.

Trump exerce uma pressão psicológica para derrubar o poltrão do Maduro, aquele caudilho de fancaria, sim, este mesmo, o que lambe as botas do falecido Chaves, dentro de uma caverna, viajando de ácido, e conversando com uma pomba, e que agora se caga de medo, e toma uma saraivada da oposição, dentro da própria Venezuela.

Os democratas demonstram culhões e espinha dorsal, finalmente fissurando a narrativa republicana recente, coalhada e azeda, desde o caldo culturalmente insosso, que foi a invasão do Capitólio, no 6 de janeiro de 2021, uma conspirata brancaleone, opereta farsesca, um vaudeville de pândegos involuntários, repleto de personagens cujas existências são intelectualmente abúlicas, um drama pobre do viking e cia, e que foi o balão de ensaio para o que viria a ser este novo governo Trump.

Portanto, aquele circo bastardo anunciou o que aconteceria na volta de Trump, com este ardil e anelo autocrático, à luz do dia, e não o canto do cisne de um Trump avariado, como muitos tinham imaginado. E tudo graças ao tônus apático e decadente de Joe Biden, que fez este desfavor de abrir o palanque, novamente, para os trumpistas. 

Primeiro, para os doidos do Q-Anon, junto às manobras táticas da alt-right de Bannon, e as teorias conspiratórias que ganharam corpo na internet e, consequentemente, também no cotidiano norte-americano, e em grande parte do mundo, e depois, finalmente, a um Trump, cuja militância, agora, segue uma linha imaginária traçada na sua própria cabeça, a diplomacia de seu ego. 

(continua)


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/no-kings-parte-ii/

domingo, 2 de novembro de 2025

NO KINGS - PARTE I

“Trump como agente da erosão da democracia norte-americana”


Os Estados Unidos ficaram conhecidos por um tipo de patriotismo que se traduziria no chauvinismo afetado da excepcionalidade, cujo marco histórico foi a Doutrina Monroe, de 1823, feita pela declaração da “América para os americanos”, em que uma soberania nacional se expandiria para uma política de influência regional no continente americano, isto é, na direção do México e da América Latina. 

Em 1904, os Estados Unidos tiveram o Corolário Roosevelt, em que o presidente Theodore Roosevelt, que governou o país de 1901 a 1909, iniciou a política internacional do Big Stick, que era um aprofundamento e uma radicalização da Doutrina Monroe, em que o intervencionismo norte-americano começa, de fato, incluindo invasões de países como o Panamá, o Haiti, e até mesmo as Filipinas, na Ásia. 

A Doutrina Truman, de 1947, no entanto, se ligará ao que ficou conhecido, historicamente, como a política de boa vizinhança, sob o influxo da Guerra Fria, na concorrência geopolítica entre sistemas econômicos e político-ideológicos opostos, representados pelo capitalismo liberal norte-americano e o comunismo-socialismo soviético. Esta diplomacia muda do unilateralismo doutrinário para um multilateralismo liderado pelos Estados Unidos. 

Esta mudança estava no contexto, também, do rearranjo da institucionalidade internacional, depois do fim da fracassada Liga das Nações, que não conteve a ascensão nazista, e que incluía uma nova ordem mundial, e uma geopolítica do pós-guerra, advindo da derrota do Eixo, sendo aí fundada a OTAN, um sistema de alianças militares do ocidente capitalista.

Tal advento da OTAN teria como resposta o Pacto de Varsóvia, feito entre a União Soviética e os países da Cortina de Ferro no leste europeu. E ainda dentro deste novo ordenamento teríamos a fundação da ONU, que seria o organismo internacional de cooperação entre os países para a manutenção da paz, com o intuito de promover o multilateralismo, que também estava sendo encampado pela Doutrina Truman. 

O modelo de multilateralismo da ONU se estrutura pelo direito internacional, com orientação ao desenvolvimento, a paz e a cooperação, tendo o uso da força como último recurso e exercido sob o mandato do Conselho de Segurança. A propósito, a Carta da ONU só autoriza o uso da força em legítima defesa ou sob autorização expressa, se fundamentando na soberania igualitária dos Estados na sua concepção geopolítica. 

Após os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono, incluindo uma tentativa falhada de atacar a Casa Branca, realizada pelos terroristas da Al-Qaeda, o maior evento terrorista da História Mundial, no chamado pós-11 de setembro, ano de 2001, tivemos a Doutrina Bush, que incluía a Guerra ao Terror, que tinha o objetivo de eliminar o chamado Eixo do Mal, que incluía alguns países do Oriente Médio, árabes, e o Irã, que é persa. Era uma guerra preventiva e de promoção da democracia liberal através da força, tentando transformar estes países a partir da ocupação das Forças Armadas norte-americanas. 

Com o atual modelo trumpista de “Paz pela Força”, por sua vez, temos a figura de Marco Rubio, que acumula a função de Secretário de Estado e principal assessor de Segurança Nacional, assim como atuou Henry Kissinger na década de 1970, enfraquecendo a diplomacia norte-americana com um discurso mão dura e unilateralista, rompendo com o multilateralismo da ONU e com o consenso feito pela CELAC em 2014, em que se firmou uma Zona de Paz na América Latina e Caribe, como uma área livre de tensões e conflitos, com promoção do diálogo e da cooperação na resolução de disputas. 

Marco Rubio, por exemplo, este ano, em sua última viagem ao Caribe e alguns países da América Latina, fez com que Nicolás Maduro solicitasse convocação extraordinária da CELAC, para reafirmar este compromisso de 2014. E a situação escalou, com a presença das Forças Armadas dos Estados Unidos próxima à Venezuela, com ataques a embarcações e uma fase de guerra psicológica contra o regime de Maduro, tentando a sua derrubada do poder.

A paz pela força, em Trump, funciona então como um subproduto do poder militar, em que a dissuasão toma o lugar da diplomacia como método, e serve à doutrina da “America First”, ou seja, de um trumpismo que tem o caráter de total indiferença a outras nações, na sua versão da excepcionalidade norte-americana, do unilateralismo herdado da Doutrina Monroe. 

No Caribe, a cooperação no combate e tratamento de dependência química dão lugar a ameaças de sanções a países que não obedeçam a agenda de segurança norte-americano na região, com um tipo de big stick na zona de trânsito de drogas, em que operações militares foram intensificadas, na intenção de mudança de regime na Venezuela,.

E ainda, com a renomeação do Departamento de Defesa (DD) para o histórico Departamento de Guerra (DG), tal fato reflete uma virada simbólica, e também concreta, com um caráter de beligerância, e com o intuito de retomar o caminho dos Estados Unidos como maior potência militar do mundo, colocando em crise o direito internacional e o papel geopolítico da ONU. 

Os Estados Unidos, além de uma política comercial do tarifaço, inclui nesta volta do trumpismo ao poder no país, critérios de segurança ligados a problemas como a migração, o narcotráfico e  o terrorismo, colocando a política externa no objetivo de reposicionar os Estados Unidos como os maiorais em poder militar mundial, defesa da soberania nacional e desprezo pelo multilateralismo. Esta postura imperialista, por conseguinte, gera protestos dentro do país, culminando com as manifestações do movimento denominado “No Kings”.

Este caráter hegemônico e imperialista, se juntando a imagens de inteligência artificial com Trump usando uma coroa e quetais, junto ao shutdown da máquina pública norte-americana, arregimentou manifestantes em diversas cidades dos Estados Unidos, neste movimento do No Kings, e que a Casa Branca chamou de opositores marxistas e radicais. 

Tal movimento se trata, por fim, de protestos contra Donald Trump como agente da erosão da democracia norte-americana, de suas instituições, incluindo prisões arbitrárias e ações de censura por parte do governo, embora Trump, em entrevista à Fox News, antes de deixar Washington, com todos os tiques de um autocrata, hipocritamente, afirma : “Dizem que me chamam de rei. Eu não sou um rei”.


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/no-kings-parte-i/

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

MEMÓRIA PUERIL

Restos da vinha, encontrei o pavilhão dos ossos, 

tudo moído, a carta carimbada que falava dos

náufragos da noite, dos cantos vaidosos,

e todo estuário e lixo da beira dos portos.


Cheirava a enxofre a paisagem, um parque

industrial, proletário, e este poeta cinza

das chaminés, dos fumantes inveterados,

e que a tosse tomou de seu fardo.


As dores das colunas, a cloaca do tempo,

as andanças febris do coração fremente,

como naqueles sonhos confusos

da bebedeira, como era nos idos

da esbórnia juvenil.


30-10-2025 Gustavo Bastos (Monster)

sábado, 11 de outubro de 2025

HIPOCRISIA NORTE-AMERICANA

“simpatia de Trump por Lula provoca uma ilusão”


Os interesses norte-americanos sobre o fim do Pix, que visam favorecer operadoras como Visa e Mastercard, com o pacote de fim da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), esta que tem a função de impedir a venda de dados pessoais e informações privadas de brasileiros para empresas estrangeiras, incluindo as big techs, estavam neste apoio desastrado do deputado federal Bananinha, neste plano aloprado de lesa-pátria, lambendo as botas do Tio Sam. 

Por sua vez, existe todo um pano de fundo do pedido de investigação pelo USTR, pois este foi criado por uma advogada que atuou em escritório ligado a lobby a favor das big techs, em que esta atuou como lobista, tendo como objetivo atingir as iniciativas de regulação das redes sociais, e que defendeu interesses de empresas de tecnologia como a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, além de outras big techs, e que iniciou a investigação comercial dos Estados Unidos contra o Brasil.

O pragmatismo norte-americano não deixa de sinalizar que a súbita guinada de Trump, ao entrar em contato com Lula, possa ser um sonho numa noite de verão, e que a tradição de hipocrisia social e política dos Estados Unidos só pegará de surpresa os basbaques de plantão, com o sorriso parvo, em transe beatífico, achando que da náusea nascerá uma flor, como na poesia, em meio ao país do fracking, do drill, baby, drill.

O trumpismo é exatamente o agente geopolítico que refreia os avanços já pífios da questão climática, tendo como salvaguarda as soluções vindas da China. A quebra da barreira de comunicação ilude e é uma prestidigitação para incautos. Enquanto as cidades norte-americanas ficam sob pressão militarizada, num ensaio autocrático, misturada à destruição do intelecto acadêmico com exemplos como a resistência de Harvard contra o abismo existencial originado na Alt-right e na sua versão alucinada do Q-Anon.  

O documento para investigação comercial do Brasil, por sua vez, foi assinado por Jennifer Thornton, conselheira-geral do USTR. Catherine H. Gibson, por sua vez, ocupa o cargo de assistente-adjunto da Representação dos Estados Unidos para Monitoramento e Execução no USTR, e que trabalhou de 2014 a 2018 no escritório de advocacia e lobby Covington & Burling.

Foi neste escritório que ela atuou em arbitragem, regulação, políticas públicas e comércio internacional, sendo este um dos maiores escritórios de advocacia dos Estados Unidos, tendo como clientes a Meta, além da Business Software Alliance, a BSA, entidade de lobby que representa as big techs Microsoft, Oracle e OpenIA, por exemplo. 

Foi este escritório que assessorou a Meta, então Facebook, na compra do WhatsApp, em 2014, por US$ 22 bilhões, e do Instagram, em 2012, por US$ 1 bilhão. Aquisições feitas sem entraves, e que transformaram a Meta numa das big techs atuais. Contudo, existe o risco de anulação jurídica do monopólio da empresa. 

A BSA, por sua vez, esteve envolvida nas medidas contra supostas, quando não falaciosas, práticas comerciais injustas contra os Estados Unidos. Sem falar na mistura do setor público e privado, e que coloca questões de conflitos de interesses e ameaças à segurança de informações sensíveis, o que se traduz na influência de corporações privadas em decisões regulatórias e de investigações envolvendo agentes públicos. 

Em sua crítica do protecionismo de outros países, a BSA pediu providências do USTR em relação aos danos do comércio desleal, no intuito de preservação de empregos da indústria de software e manutenção da liderança tecnológica mundial pelos Estados Unidos. A BSA alega, então, que atos governamentais, além de políticas e práticas comerciais, restringindo o mercado digital para as empresas norte-americanas, são justificadas por tais governos como medidas de cibersegurança, desenvolvimento digital e privacidade de dados. 

E para falar não só sobre a falácia do tarifaço em sua forma ampla, podemos ainda citar apelos de puro obscurantismo, um verdadeiro cavalo de pau jurídico, quando não um Deus Ex Machina, que é um dispositivo que há em uma lei norte-americana de 1930, chamado seção 338, que concede ao presidente norte-americano o poder de subir tarifas contra países com práticas comerciais discriminatórias contra os Estados Unidos. Tal dispositivo que foi usado nas décadas de 1930 e 1940, sendo esquecido depois, e mais ainda, depois que os Estados Unidos viraram signatários de acordos comerciais sob a OMC (Organização Mundial do Comércio), que já controlavam tais tipos de abusos.

O governo Trump poderia apelar a esta Seção 338 como uma forma de alavancagem em disputas comerciais, isso sem falar no que já ocorre, que é a chantagem dos Estados Unidos contra o Brasil, para este flexibilizar e rever decisões comerciais, em que Trump poderia usar sua autoridade para subir tarifas e bloquear importações, podendo produzir uma onda de contestações comerciais dos países afetados, desafiando acordos, cláusulas e a própria OMC (Organização Mundial do Comércio). 

Tal dispositivo, além de obscurantista, é grosseiro, e que colocaria os Estados Unidos uma situação de enfrentamento imediato com a OMC (Organização Mundial do Comércio). Por sua vez, a chantagem trumpista, através do tarifaço, com a linha auxiliar da investigação comercial, envolvendo a defesa da indústria dos Estados Unidos e, sobretudo, das empresas de tecnologia norte-americanas, enfrenta as instituições democráticas brasileiras, sobretudo o STF (Supremo Tribunal Federal), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro et caterva por tentativa de golpe, além de ter colocado limites na atuação de redes sociais norte-americanas dentro do Brasil. 

Lula levantou a questão da soberania brasileira nesta disputa, foi crítico do tarifaço desde o princípio, fez a sua contestação e abriu a possibilidade do contraditório no debate, ou seja, estaria aberto a negociações para um denominador comum, algum tipo de consenso para repactuar a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos, mas que os canais de comunicação com o governo norte-americano estavam obstruídos. 

Contudo, como se viu, houve uma virada na discussão, com a história do teleprompter de Trump no encontro internacional da ONU (Organização das Nações Unidas) realizada nos Estados Unidos, e tudo mudou de súbito, e o contato direto entre os líderes dos respectivos governos, os estadistas, foi realizado por telefonema, abrindo uma linha direta de conversação em torno do tarifaço trumpista e as demandas brasileiras. 

Todavia, a questão do STF, em relação às big techs, por exemplo, passa pelo fato recente da revisão do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que até então dizia que as empresas de tecnologia só poderiam ser responsabilizadas por manter conteúdos de usuários, caso houvesse ordem judicial de sua retirada e, em sequência, o seu não cumprimento. O STF decidiu pela inconstitucionalidade parcial do artigo 19, o que se traduz por uma responsabilidade parcial das empresas de tecnologia por conteúdos postados por usuários. As big techs logo entraram numa grita ao denunciar a mudança na regulação como um ataque à liberdade de expressão.

Em meio aos dias em que Trump repetia a ladainha de uma “caça às bruxas” que ocorria no Brasil, principalmente a possível condenação, até ali, de um ex-presidente que era tanto inocente, como estava sendo perseguido politicamente, o presidente dos Estados Unidos disse que a sua decisão pelo tarifaço se devia aos ataques às eleições livres no Brasil e aos direitos de liberdade de expressão dos norte-americanos, denunciando centenas de ordens de censura ilegais e secretas contra plataformas de redes sociais dos Estados Unidos, tendo como responsável por tal situação o STF (Supremo Tribunal Federal). 



Portanto, a súbita simpatia de Trump por Lula provoca uma ilusão instantânea baseada numa inocência que não sobrevive na selva maquiavélica da real politik, que atua por leis da política real, e não por uma ética de um dever ser que foi subsumido desde a obra O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Nos Estados Unidos, ignorando o parvo consenso habermasiano, e sem entrar no mérito de um sistema capitalista pantagruélico, e que, quando entra em anomia, se torna hobbesiano, tal real politik se chama pragmatismo político, e indo mais fundo, reconhecemos logo a hipocrisia norte-americana. 


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/hipocrisia-norte-americana/

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

MORFEMA

Que o céu na sedição seja esta guerra cósmica,

em verve psicótica, hipnagógica, do transe

que medita o seu estado natural.


Na vida base mais terra, de toda verdade

de cerração, na juventude jogada ao mar.


Pois a grande abóbada, na estância estandarte,

tem este poema aberto, de seu brilho está 

o vício do estado de arte, da obra prima,

do opus, do ego vaidade artista ciclônico,

absorto, chapado, viajando de morfina.


09/10/2025 Estrela Estrela (Gustavo Bastos)  

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

A PUNIÇÃO DA DESFAÇATEZ

“um mea culpa hipócrita, flagrante, de rematados poltrões”


Depois da mobilização das redes sociais e dos protestos que tomaram as ruas, em todas as capitais do país, além de inúmeros municípios do interior, a PEC da Bandidagem, Proposta de Emenda à Constituição 3/2021, que pretendia ser uma carta branca para a impunidade parlamentar, e que tinha sido aprovada na Câmara dos Deputados, foi derrubada, por unanimidade, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado Federal.

Tal derrota enterra a proposta, pois a decisão do colegiado, regimentalmente, impede recursos e votações no plenário. É o fim constrangedor de uma pauta patrocinada pelo Centrão, na tentativa de restabelecer regras que existiram na Constituição Federal entre 1988 e 2001, em que parlamentares só poderiam ser processados criminalmente com autorização prévia. No caso agora, portanto, todo processo desta natureza teria que passar pelo Congresso, e através de votação secreta.

Tal pauta casuística e repleta de desfaçatez foi pautada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), produto de um acordo feito por Arthur Lira (PP-AL), fiador do mandato de Motta no comando da Casa Legislativa, com bolsonaristas e com o Centrão, depois que estes fizeram, em agosto deste ano, um motim, tomando as mesas diretoras da Câmara e do Senado, em protesto contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um ato apelativo de pressão para a anistia e a proteção de parlamentares perante ações do STF, vítimas de uma suposta “perseguição política” pela Corte Suprema, discurso repetido ad nauseam no contexto do julgamento da trama golpista.

A PEC foi uma tentativa de barrar investigações contra parlamentares, sobretudo na questão das emendas, com apurações diversas que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal).  E a isso se somou o interesse de bolsonaristas na questão da anistia, principalmente do ex-presidente. E o resultado foi um esforço conjunto de pautar a PEC, junto à urgência da anistia, com a ideia de levar o tema direto ao plenário, sem passar pelas comissões.

Entrou em questão a legitimidade do Congresso, dando ares de um processo constitucional para uma investida hipócrita de blindagem de parlamentares, no sentido de um sindicato profissional em que o casuísmo, mais uma vez, passa por cima do interesse público e de qualquer compromisso com a ética política, de espírito de Estado, de visão de futuro, em que o poder público se vê cada vez mais sequestrado por interesses particulares, quando não de corrupção e de formação de uma cleptocracia onívora.

A “nobre” missão da proposta de emenda constitucional, portanto, tinha objetivos como barrar investigações de desvios do famigerado Orçamento Secreto, por exemplo, que manietou o Poder Executivo Federal para se submeter aos caprichos do parlamentarismo branco do Centrão, em que o presidencialismo de coalizão, que dava certa previsibilidade na pauta governamental, foi derretido pelo clientelismo de feira de secos e molhados de políticos fisiologistas, que atuam como birutas de aeroporto, indo para onde o vento sopra, para a bocada ou o butim da vez. 

Projetos alternativos foram aventados, em torno do debate de que a proposta original estava contaminada e havia um interesse em limitar a blindagem ou retomar o tema de revisão da dosimetria das penas dos envolvidos na trama golpista. Um exemplo foi o encontro entre o ex-presidente Michel Temer (MDB), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o relator do projeto de lei da anistia, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), com participação remota do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluindo consultas telefônicas a ministros do STF. Em que, ao fim, Aécio propõs o fim da conversa em torno do projeto de lei da anistia e colocar em pauta uma PL da dosimetria das penas.

Além do enterro da PEC no Senado, o relator desta na Casa, Alessandro Vieira (MDB-SE), rejeitou todas as emendas sugeridas. Um dia depois das manifestações, o jogo em Brasília virou, e a repercussão no Legislativo foi imediata, com o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), marcando a proposta como primeiro item da pauta para o dia 24 último, em que a PEC foi anulada por unanimidade, sem possibilidade de ir a plenário, em obediência ao regimento. 

Logo se desenhou uma cena patética em que todo aquele casuísmo e desfaçatez dos dias anteriores se tornou, rapidamente, um mea culpa hipócrita, flagrante, de rematados poltrões, ação de ocasião, em que tiveram que recuar por força das circunstâncias, e não por valores intrínsecos, categóricos, tendo que pedir desculpas, no arrego parlamentar do ano, e diante do triunfo da opinião pública que, quando quer, manda no jogo, pois a cleptocracia, naturalmente, tem cagaço ao vislumbrar perder seu cargo e os benefícios de viver para “servir a população”. 

A PEC da Blindagem derreteu e o projeto de anistia perdeu fôlego. Ou seja, o impacto foi duro e rearranja tudo o que já parecia precificado, sobretudo diante do açodamento da turma que, pelo visto, queimou a largada, e tiveram que dar a cara a bater, diante de uma opinião pública vigilante e ativa. Hugo Motta, por exemplo, foi desmoralizado nas redes sociais, e o bolsonarismo, por sua vez, agora está associado a esta tentativa falhada de juntar a pauta da anistia à PEC da Blindagem, enfrentando a impopularidade e a rejeição desta manobra que se configurou em desastre. 

Por fim, os manifestantes apelidaram a proposta de “PEC da Bandidagem”, e o fim do PL da anistia também entrou na pauta dos protestos. Com o enterro da PEC pela CCJ, os bolsonaristas também se viram diante da impossibilidade de levar a plenário a pauta alternativa proposta pelos senadores Sérgio Moro, Ciro Nogueira e Damares Alves, dando fim aos pretextos de impunidade parlamentar, para além de uma imunidade garantista já prevista na Constituição Federal de 1988.

O fim da exigência de autorização pelo Congresso para processos criminais contra parlamentares foi aprovada por Emenda Constitucional em dezembro de 2001, depois de vários casos escandalosos, como os de Hildebrando Pascoal, ex-coronel e parlamentar cassado que ficou conhecido no país como "deputado da motosserra", quando foi acusado de chefiar a organização de um esquadrão da morte e condenado por homicídio, formação de quadrilha e narcotráfico, estando preso desde 1999, condenado a mais de 100 anos de prisão. Seu crime mais notório foi a morte do mecânico Agílson Firmino, cujo corpo foi esquartejado com uma motosserra. 

E ainda teve o episódio notório envolvendo imunidade parlamentar que aconteceu em 1993, quando o governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, atirou contra um rival político, o ex-governador Tarcísio Burity, no restaurante Gulliver, em João Pessoa. Burity chegou a ficar em coma alguns dias e morreu quase dez anos depois do atentado.

E na História da República mais remota, ainda temos o caso do senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor que, em 4 de dezembro de 1963, na nova capital federal, Brasília, em uma briga em que Arnon disparou tiros de uma arma de fogo contra o parlamentar Silvestre Péricles, com o segundo disparo, no entanto, acertando o abdômen do congressista José Kairala (PSD-AC), que não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois do tiro, no Hospital Distrital de Brasília. Kairala não tinha nada a ver com a briga entre os parlamentares Arnon de Mello e Silvestre Péricles.

Por fim, com o fracasso da PEC da Bandidagem, criou-se um racha entre os poderes legislativos da Câmara e do Senado, em que a Câmara se sentiu exposta, já que o Senado não apenas divergiu, mas "escolheu humilhar os deputados", e mesmo se sabendo de um acordo entre Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, o primeiro evitou o embate público, e o fato é que este último recuou diante da resistência de Otto Alencar e, mais adiante, dos protestos populares. 

E agora deputados ameaçam retaliar o Senado, demonstrando o baixo nível de relações, o elenco estarrecedor de interesses, a mesquinhez, o declínio existencial e valorativo, e o estado geral de pobreza de espírito em que afunda uma parte considerável da atual política parlamentar do país, em que se tem a constatação de que estes personagens não aprenderam nada com o episódio.

O republicanismo, portanto, se trata cada vez de uma palavra vazia quando se trata dos conchavos, muitos feitos em convescotes de ocasião, a toque de caixa, na calada da noite, numa dramaturgia ridícula, decadentista, de uma política cada vez mais provinciana e pedestre. A consequência é que agora há um clima de tensão e de impasse entre as duas Casas Legislativas, em que líderes já citam uma espécie de “guerra fria”, em que votações podem ser travadas e contribuir para a instabilidade política nacional, misturada a esse empobrecimento vertiginoso do perfil parlamentar, uma vergonha. 


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/a-punicao-da-desfacatez/